sábado, 19 de outubro de 2013

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Professora Lucinda Pires
In «O Teixo», Escola Básica 2,3 - Teixoso
23 de Outubro de 1997, seis dias depois da morte da Lucinda


Há pessoas que, quer se goste delas ou não, não são indiferentes a ninguém. Com a sua força interior, alegria, dinamismo, frontalidade e capacidade de trabalho, derrubam montanhas, se necessário. A professora Lucinda Pires era assim. 
A sua vida era uma contínua procura de objectivos. Havia sempre novos projectos a desenvolver. Só sabia viver assim. De outra forma, não faria sentido. E, por todas estas razões, quem trabalhava com ela sabia que, volta e meia, lá aparecia um novo projecto, uma nova aposta. Porém, nos últimos tempos, andava cansada e por vezes chegava a dizer: «Este ano, quero descansar». Evidentemente, ninguém acreditava nisso. Descansar, a Lucinda? Isso não era para uma mulher daquela envergadura. Mas por que motivo andaria tão cansada? Claro que os projectos ambiciosos que dinamizava exigiam, da parte dela, um grande esforço e entrega. Contudo, o que verdadeiramente a fragilizava era a capacidade que tinha de «carregar» os problemas dos que a rodeavam. As dores daqueles que lhe estavam próximos eram também as suas. E isso cansa, dói, incomoda. Há alguns meses que a Lucinda ajudava a suportar as dores, doenças e perdas de amigos. Alguns deles partiram também, sem ela contar. Inesperadamente, a Lucinda partiu. Deixa-nos uma profunda saudade. 
Percebemos agora melhor o seu estado de espírito, quando nos dizia que lhe custava muito perder amigos, quando ainda tinham muito para viver. Também a nós nos custa agora. Ficará para sempre um vazio, uma insatisfação, uma sensação de que tanto ficou por dizer e por viver… Mas ficam muitas e boas lembranças de momentos de alegria, de festa, de partilha, de boa disposição, de entrega, do saber conviver com todos, desde os mais cultos aos mais simples. Só alguém humilde e generoso consegue ser assim. Fica certamente na memória de todos o seu sorriso, o seu optimismo, a sua vontade de seguir em frente. Sempre. Oxalá tenhamos todos percebido, no tempo em que convivemos com a professora Lucinda, o que de facto é importante na vida. Assim saibamos, na nossa comunidade escolar, continuar em frente, com a mesma energia, sentido de união e empenho a que nos habituou.
Até sempre, Lucinda.

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